“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8,18).

Queridos internautas, paroquianos e romeiros!

Estamos na Quaresma, tempo oportuno para uma reflexão sobre a nossa vida e nossa relação com Deus e com a Igreja. Neste Tempo litúrgico vamos meditar sobre o amor, a paixão e o sofrimento do Senhor Bom Jesus para nos garantir a salvação. Sendo assim, é muito oportundo pensarmos um pouco sobre estas duas forças que acompanham a vida humana: amar e sofrer.

Existe amor sem sofrimento? É possível amar e não sofrer? Nestes dezenove anos de padre já ouvi inúmeras histórias de amor. Mas, não me lembro de ter ouvido alguma história em que de uma maneira ou outra o sofrimento não existisse. Recordo-me do casal Trentini, Tirso e Lea, que viveram uma vida toda lado a lado em Amparo, SP. Um amor perfeito, mas, quando ele morreu, o sofrimento fazia que ela não visse a hora de partir também, para reencontrar o seu amado, que por muitas vezes a homenageava ao som do seu violino.

Como me esquecer do casal admirável de Sertanópolis, no Norte do Paraná – José e Judite Almeida? Pais e avós de uma grande e bela família. A alegria deste casal era ver toda a família reunida. A dona Judite faleceu primeiro. Recordo-me de algumas visitas que fiz ao querido José, que dedicou a sua vida de viúvo, à devoção a Nossa Senhora, rezando sempre o rosário à espera de se encontrar de novo com a sua amada. Casais que amaram e sofreram. Claro que é o sofrimento que vem da saudade, mas, é também um sofrimento que vem do amor.

Recentemente, atendi um jovem amigo que está vivendo um dilema em sua vida amorosa. Depois de um namoro de quase quatro anos, uma situação triste e desagradável acabou abalando este namoro. Fiquei tocado com as repetidas declarações de amor dele para ela. Frases fortes, como por exemplo: eu a amo de verdade, padre! Ela é o amor da minha vida. Ela é o amor que eu preciso. 

Fiquei pensando no que ele me disse: “padre, não gostaria de vê-la sofrendo por mim”. Ao ouvir esta frase, imediatamente pensei e lhe disse ser isso inevitável. Parece que, de fato, o sofrer é próprio do amor. A cada dia que passa mais me convenço de que não há amor sem sofrimento.

Pais que amam, sofrem. Filhos que amam, sofrem. Irmãos e amigos que amam, sofrem. As razões do sofrimento são inúmeras. Porém, não há nenhum sofrimento tão grande e tão forte capaz de nos impedir de amar. Fomos feitos por amor e para o amor. Fomos feitos para amar. O amor tudo suporta, tudo crê, tudo supera, tudo vence. Tenho plena convicção de que por maior que seja a dor, é melhor sofrer por um amor não correspondido ou ferido, do que nunca saber o que é amar.

Continuemos firmes e fortes em nossa caminhada, amando e sofrendo, mas, perseverantes na fé e na confiança no Senhor. Que o Senhor Bom Jesus continue abençoando e protegendo a sua vida e da sua família!

Pe. Silvio Andrei Rodrigues

Pároco do Santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus

Pirapora do Bom Jesus – SP